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Logo que bati os olhos em Glimmerglass fiquei doida para conferir seu conteúdo. O que falar e como não falar dessa capa? O livro encanta logo à primeira vista, a arte é incrível, sem falar no toque especial das bolinhas brilhantes, e a Universo dos Livros está de parabéns pelo trabalho e em manter a capa original. O enredo pode ser considerado novo em meio a tantos vampiros e anjos que nos rodearam nos últimos tempos. A estória tem seres sobrenaturais sim, as fadas e fados.

Dana Hathaway, a protagonista, me lembrou Janie da série Wake no início do livro, já que também precisa enfrentar os obstáculos de ter uma mãe alcoólatra, mas as semelhanças param por aí. Além de ter que lutar para que seus colegas não descubram o “defeito” que mais lhe incomoda em sua mãe, ela precisa lidar com as intermináveis mudanças e com a falta de estabilidade. A mãe não faz nada além de beber e Dana é quem cuida de tudo, das contas, das compras e do pouco dinheiro que elas têm, é a única adulta da família. A razão de tantas mudanças é seu pai, que conforme sua mãe lhe contou, é um mandachuva do mundo das fadas. Ela nasceu em Avalon, relacionou-se com o pai de Dana e saiu de lá escondida sem revelar a gravidez logo que descobriu o “status” do seu namorado. Dana foi alertada em muitos momentos sobre o pai, mas nada, em sua concepção, poderia ser pior do que ter que viver no inferno causado pela condição de sua mãe. Então, quando chega a seu limite, Dana encontra o pai – Seamus Stuart -, liga para ele e foge de casa para encontrá-lo. Ela só não imaginava que não chegaria nem perto de ter o que foi procurar.

Eu queria que cuidassem de mim, que tirassem as responsabilidades dos meus ombros, que houvesse alguém para tomar as decisões difíceis por mim. Página 149

A viagem ocorre normalmente, mas sua carona não vai buscá-la no aeroporto como o combinado, então ela decide ir sozinha para Avalon – o único lugar do mundo mortal em que a magia de fato funcionava. Sua surpresa foi tamanha quando descobriu que seu passaporte gerou interesse na portaria do lugar. Uma mulher alta, séria, a levou para uma sala. Grace, a comandante da patrulha de fronteira, queria saber mais sobre sua visita. Não passou muito tempo até que a surpresa pegasse Dana de novo, Grace era sua tia e a estava segurando até que sua identidade fosse confirmada. Informando que o pai da garota estava preso e que ela precisava ficar em segurança, Grace a levou para sua casa e a trancafiou em um quarto, uma verdadeira prisão, depois mandou-a para outro quartinho perfeito para manter alguém “em segurança” e sem contato com o mundo exterior. A partir daí a liberdade de Dana parece sempre escapar de seus dedos, sem falar que os problemas, os motivos pelos quais saiu de casa, estão sempre com ela, um atrás do outro. Enquanto era mantida prisioneira – pelo seu próprio bem – Dana foi resgatada por um casal de irmãos, Ethan e Kimber - o cara era realmente gato - e seguiu escoltada para mais um esconderijo seguro. E lá estava Dana, presa de novo, por pessoas que alegavam querer sua segurança. Qual é a desse povo?

Ethan não era um cara qualquer. Era o rapaz que fazia o mais lindo ser humano da história parecer comum. Além de ser feérico. Além de ser mais velho que eu. Página 75

É impossível saber em quem confiar no desenrolar da estória. Grace é má? Ethan e Kimber são confiáveis? E o pai de Dana, será que é do bem? Todo o mérito por essa confusão, é claro, é da autora Jenna Black, já que foi ela quem escreveu sobre a atitude e os pensamentos paranóicos de Dana, enfim, não sei se foi a narrativa ou os pensamentos de Dana que também me deixaram paranóica, mas eu desconfiava de todo mundo, todo mundo mesmo. Ainda mais quando a verdade-mor vem à tona e Dana se vê com mais um problema para lidar. Ela descobre que é uma faeriewalker, alguém com um poder inimaginável.

São os faeriewalkers porque podem passar livremente entre Avalon e Faerie (mundo das fadas), ou ir para o mundo mortal, conforme sua escolha. Página 85

A descoberta, além de deixar Dana mais confusa, coloca praticamente um alvo em sua testa, agora alguém – ou alguéns – quer ela morta. No entanto, isso não a impede de paquerar, isso mesmo. Afinal, ela tem 16 anos e os hormônios estão a todo vapor, ainda mais com o cara descrito acima sempre ao seu lado. Olha a piriguetagem.

Senti a respiração presa na garganta, e um tremor agradável percorreu a minha espinha. Seus olhos, normalmente claros, estavam escuros e com as pupilas dilatadas, e ele olhava para mim como se eu fosse um bocado de doce que ele estava morrendo de vontade de comer. Página 119

Ou quando seu novo professor de defesa pessoal passa a chamar sua atenção:

Ele era um cretino, mas um cretino bem sensual, e eu não conseguia deixar de notar suas mãos sobre mim. Ele se movimentava com graciosidade letal, e a intensidade em seu olhar me contava que ele adorava o que fazia – eu não tinha certeza se adorava ensinar, lutar, ou simplesmente me surrar. Página 234

 

De jeito nenhum eu me interessaria por esse cretino arrogante e detestável. Não importava o quanto ele fosse gostoso. Página 236

A estória é muito boa, o livro empolgante, tem mistério, fantasia, romance e aventura. Sem falar em algumas passagens um tanto cômicas, como estas:

As borrifadas de chuva tornaram-se mais intensas e quase podiam ser enquadradas como garoa.O fundilho da calça estava molhado. Deus misericordioso, que isso fosse resultado apenas de eu ter me sentado no chão úmido. Eu já passara por humilhações demais por um dia, obrigada. Página 81

 

Sabe aquele provérbio chinês que diz que devemos ter cuidado com aquilo que desejamos? Cara, como eu entendia agora. Página 202

A narrativa em primeira pessoa pela protagonista nos deixa clara sua personalidade e revela uns segredinhos seus que eu preferia não saber, como o fato de ela ser porquinha.

Roupas íntimas nunca são demais. Ainda mais quando se detesta lavar roupas. O.o Página 157

Chega a dar dó que o que ela mais queria, indo ao encontro do pai, nunca aconteceu. Toda a situação em sua volta é muito complicada, envolve política e poder – o que ela tem muito, mesmo sem saber. Os faeriewalkers podem levar a magia para o mundo humano e podem levar tecnologia para Faerie. Um poder que muitos querem ter na mão e que outros tantos querem se livrar, tamanha a ameaça que podem ser a seus belos e importantes postos. Senti um pouco de falta de magia no livro, ela existe, mas eu esperava que fosse mais presente. Quem sabe isso aconteça nos próximos livros, já que Dana terá que aprender a lidar com seu dom. E eu sigo desconfiando até o próximo livro ser lançado.

Curiosidades:

O segundo livro da série é Shadowspell e o terceiro se chama Sirensong, ambos sem previsão de lançamento no Brasil, mas com os direitos já comprados pela Universo dos Livros.

Capas:

Shadowspell shadowspell (1) sirensong

Prefiro muito a segunda de Shadowspell!

Beijos!