DSC_2761[3] Desde as primeiras imagens do livro de T. Greenwood eu fiquei encantada, curiosa e ansiosa. A capa é linda, cheia de brilhinhos e combina com o enredo do livro. Bom, o livro é um drama com pitadas de suspense e romance, mas é um livro daqueles bem densos e lentos, o que pode prejudicar a leitura. Eu, por exemplo, demorei mais para ler do que imaginava, mas ainda assim a experiência foi positiva, aprendi que não quero ser como Ben.

Ben Bailey é o protagonista desta história publicada no Brasil pela editora Novo Conceito - que cedeu o exemplar ao blog -, mas protagonista de sua vida, isso ele não é. O comportamento de Ben diante de tudo me deixava passada com ele, doida para entrar no livro e sacudí-lo, exigir alguma atitude. Ben vive com Sara, sua noiva, há anos, mudou-se para Flagstaff, uma cidade bem gelada, para ser professor de história e também trabalha como garçom no Jack’s no período da noite, para complementar a renda. Seu noivado esfriou e ele não sabe onde foi que a história dele com Sara começou a desandar. Ele tem uma ferida não cicatrizada dentro de si, desde sua infância. Ben não é feliz.

Desde então, em vez de se sentir inteiro, Ben se sentia fragmentado. A sua vida tinha uma fratura, dividida entre o antes e o depois. Página 30

Em uma manhã que parecia normal, depois de um leve porre de Halloween, Ben encontra um menino na frente de sua casa desmaiado e sangrando bastante. Assustado, ele chama por Sara, que é enfermeira, e logo o rapaz é levado ao hospital. Mas aquilo não sai da cabeça de Ben. Ele acha que já viu o rapaz antes, no bar, jogando bilhar, mas nunca bebendo. A notícia divulgada é que o rapaz, de uma tribo navajo, bebeu demais e desmaiou na neve. Só que Ben não compra essa história.

Tendo algo que parece com uma atitude comemora, Ben vai ao hospital saber notícias do rapaz. Lá sua vida ganha uma nova luz, uma chacoalhada, mas não forte o suficiente para fazê-lo mudar alguma coisa. No hospital ele conhece Shadi, a irmã de Ricky, o garoto que ele encontrou e que não sobreviveu. Em dúvida sobre toda a situação que envolveu a morte do jovem índio, Ben e Shadi vão atrás de pistas para descobrir o que realmente aconteceu, já que Ricky não bebia e nem era do tipo que arrumava confusão.

Essa aproximação entre Ben e Shadi faz crescer um sentimento entre eles. Para Ben, Shadi é luz, é um sopro de vida, o que ele precisava para ser feliz de novo. Mas Sara o espera em casa, eles têm uma história bonita juntos e agora também vão ter um filho. O que fazer?

Ben considerava que o Jack’s era o grande equalizador social. Um lugar onde todas as barreiras que construímos ao nosso redor, todos os rótulos a que nos apegamos, desapareciam em meio à espuma da cerveja. Página 58

O livro é dividido em partes: Mundo Vermelho, Mundo Azul, Mundo Amarelo, Mundo em Preto e Branco e O Mundo Brilhante. Fases da vida de Ben, que ao se envolver em uma investigação de assassinato – que não era da sua conta –, acabou envolvendo também as pessoas a sua volta e colocando-as em perigo. A apatia de Ben e suas escolhas – ou a falta delas - o levaram a caminhos distintos, mas geralmente infelizes e isso me deixou frustrada em boa parte da leitura. Simplesmente não conseguia acreditar nas decisões de Ben e em como ele simplesmente aceitava o que era imposto para ele, principalmente por Sara.

Protagonista à parte, T. Greenwood é uma autora muito boa, seu livro é muito bem escrito, com personagens bem trabalhados. Sara é super mimada, manipuladora, sempre teve tudo que queria e acostumou-se a viver assim, o que até causava uma certa inveja de Ben, mas quando ela começou a perder, tudo caiu de uma vez só. Shadi é forte, guerreira, firme. Talvez por isso Ben tenha se ligado tanto à ela.

Ele fez sua escolha. E de agora em diante vai cumprir suas promessas. Página 335

Beijos, uma ótima terça-feira.