4a76d35b93739d45bd6d94ddd92e25b4 O livro que abriu as leituras de 2012 do Clube do Livro de Tubarão foi do tema Terror. Frankenstein, de Mary Shelley também poderia se encaixar em clássico, é uma história escrita há muito tempo e ganhou inúmeras versões e adaptações. Tanto que na nossa cabeça já existe um estereótipo do monstro, assim como existe uma enxurrada de informações diferentes. Já foram produzidos filmes de terror e de comédia adolescente com Frankenstein, além de desenhos animados e histórias em quadrinhos, até Maurício de Sousa incluiu o personagem em suas publicações. Assim, não sabemos ao certo qual a história original do monstro que aterroriza gerações.

O ponto positivo da leitura é que você consegue descobrir a origem do ser e suas histórias pós-criação. Aqui você realmente descobre o que ocorreu. Vocês sabiam, por exemplo, que em nenhum momento no livro o monstro criado pelo Doutor Victor Frankenstein foi chamado de Frankenstein? Pois é.

Tudo começou pela imensa inteligência de Victor, que tinha a ambição de criar um ser perfeito. Ele estudou e pesquisou muito para conseguir alcançar seu objetivo e para isso, juntou pedaços de corpos mortos e injetou vida ao conjunto. Victor criou vida em seu laboratório. Mas o ser criado por ele estava longe de ser perfeito, principalmente na aparência. Seu tamanho era desproporcional ao corpo humano, ele era maior e seu rosto era de dar medo. Assim, quando viu sua criação com vida pela primeira vez, Victor o chamou de monstro e saiu correndo de seu apartamento, deixando sua criatura sozinha, sem saber o que fazer.

Victor, após encontrar seu grande amigo de infância, Clerval, volta para seu apartamento rezando para que o monstro não estivesse mais lá. Como não estava, ele simplesmente seguiu com sua vida. Até que uma carta de seu pai, relatando a morte de um de seus irmãos mais novos, traz o pânico e o transtorno para a cabeça do doutor. Ele tem certeza que seu monstro foi o culpado. Victor, então, vai ao encontro de sua família e começa sua busca pelo assassino do irmão. E é quando muitas verdades são jogadas em sua cara e as consequências de brincar de Deus aparecem.

Seu monstro não era maldoso, o tratamento das pessoas para com ele que o fizeram assim. O abandono de seu criador, a reação dos humanos que o viam e o desprezo daqueles por quem criou amor o fizeram se transformar, afinal, se era assim que eles o tratavam, ele só retribuiria a “gentileza”. Tudo o que ele queria era uma companhia, a solidão era sua maior dor. Tanto que quando encontra uma criança ele pensa que, por ser tão nova, ela não tenha preconceito com a aparência assim como os adultos, mas tudo o que é diferente e feio é afastado pelas pessoas. O preconceito com isso vem desde cedo.

O livro aborda inúmeros assuntos importantes e relevantes até hoje. O preconceito é o maior deles, principalmente com o que não é perfeito. Também há o fato de Victor brincar de ser Deus, de como a solidão e a rejeição podem mexer com os sentimentos e a cabeça de uma pessoa, mesmo ela sendo criada para ser perfeita. A violência criada pela violência também pode ser notada, caso Victor tivesse tido sucesso com a aparência de sua criação, ou ainda, caso não o tivesse rejeitado como o fez, é bastante possível que o monstro não fosse monstro, que não virasse assassino e não pensasse em vingança. Apesar de ser uma criatura criada por um ser humano, o monstro tinha sentimentos humanos, ele sentia remorso, ele sentia amor, era gentil, assim como queria sentir o carinho e o afeto.

O livro começa com cartas de um marinheiro para sua irmã, relatando que resgatara um homem que andava no gelo. Um homem gentil, inteligente e que tinha uma história terrível para contar. Esse homem era Victor, que perseguia pelos lugares mais remotos sua criatura. Como o marinheiro também era ambicioso e visava dar a volta ao mundo, Victor contou sua experiência com a ambição para alertar o novo amigo. Este, enquanto ouvia, escrevia o relato, que posteriormente mandou para sua irmã.

A minha versão do livro, da L&PM era antiga, de antes da mudança ortográfica e está cheia de erros, que me incomodaram horrores. A narrativa é um pouco cansativa também e juntos, os dois fatores fizeram com que minha leitura se arrastasse muito. Há muita descrição de sentimento, direto, o que é cansativo e, por vezes, chato. No entanto, fico feliz te ter tido a chance de ler esse clássico, considerado um romance de terror gótico, com inspirações do movimento romântico. Pelo que comentamos no Clube, o terror vem associado à época em que o livro foi escrito. Imaginem vocês, lá em 1800 e bolinha, pensar que uma pessoa poderia criar vida juntando pedaços de corpos. Com certeza é aterrorizante. Como estamos acostumados hoje com coisas muito mais horripilantes, ele não chega a ser considerado terror.

Uma curiosidade:

Mary Shelley, a autora do livro, que era britânica nascida em Londres, escreveu a história quando tinha apenas 19 anos, entre 1816 e 1817. A obra foi primeiramente publicada em 1818, sem crédito para a autora na primeira edição. Atualmente se considerar a versão revisada da terceira edição do livro, publicada em 1831, como a definitiva. O romance obteve grande sucesso e gerou todo um novo gênero de horror, tendo grande influência na literatura e cultura popular ocidental.

Fonte.

Minha nota foi 6,0, por todo o conjunto da minha edição do livro.

Beijos e uma ótima terça-feira!