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John Grisham é O cara quando se trata de livros que envolvem questões de advocacia. O autor já vendeu mais de 250 milhões de exemplares no mundo todo e tem títulos traduzidos para mais de 29 línguas. Seu nome sempre figura nas listas dos mais vendidos e foi eleito pela Publishers Weekly como o escritor dos anos 90. Seu livro, O Dossiê Pelicano obteve uma vendagem de 11.232.480 cópias somente nos Estados Unidos. Vai dizer que não bateu uma curiosidade para saber como são os livros dele? Afinal tanto sucesso assim tem que vir de uma pessoa com muito talento, né?

Meu primeiro contato com uma obra de John Grisham ocorreu recentemente, com O Rei das Fraudes, livro escolhido pela Camila no Clube do Livro. Apesar de tratar sobre advocacia, os livros dele não são voltados apenas para esse público específico. Quem não trabalha com isso e nem entende bulhufas dos assuntos não fica por fora da história. Obviamente que uma expressão ou outra seja desconhecida, mas nada passa sem entendimento.

Bom, O Rei das Fraudes é um livro sobre ganância. Isso ficou bem claro para mim. Clay Carter é o protagonista da história. O pai dele foi um grande advogado, que fez más escolhas e acabou longe da capital e fora da profissão, mas ainda assim um cara que todos lembram do nome pelos feitos. Seu emprego é na defensoria, com um salário ruim e casos piores ainda. Mas ele nem se importa tanto. No entanto, os pais de sua namorada, Rebecca, pensam bem ao contrário. Eles são daqueles ricos prepotentes, que gostam que os outros tenham inveja e não se custam a falar muito alto em um lugar público que estiveram na presença do governador, coisa e tal. Rebecca é diferente, mas completamente manipulável, afinal, no fundo ela também quer uma vida boa e de cofres cheios de dinheiro. O único que não se deixa manipular por eles é Clay e por isso acaba perdendo a garota dos seus sonhos.

O término o deixa deprimido, mas uma oportunidade única bate em sua porta e ele vê nela a chance de reconquistar Rebecca. Clay é contatado por um cara misterioso, chamado Max Pace, que o propõe um negócio milionário: ações indenizatórias coletivas. A consciência dele pode não ficar limpa, mas o bolso ficaria cheio. Acontece que Max é um “bombeiro”, que apaga fogo nas empresas antes que seus deslizes venham a público. A contratante de Max fabricou um remédio que deveria ajudar na reabilitação de usuários de drogas, mas sua reação em alguns pacientes foi inesperada. Eles simplesmente mataram alguém porque deu vontade. Com o fracasso do remédio, a empresa quer que nada disso venha à tona e Clay deve ser responsável por fazer um acordo com as famílias das sete vítimas da capital. Feitos os acordos, ele embolsou US$ 15 milhões.

O que se pensarmos bem, é um dinheiro super maravilhoso, que eu jamais saberei o que é, só se ganhar na loteria. Enfim, para ele não era o suficiente e o olho cresceu. Vieram outras ações, mais funcionários, muitos gastos e tudo desandou. Clay, que era um rapaz simples e humilde, virou um homem ganancioso e esbanjador. Como todo mundo precisava de um jatinho, ele também queria um. Seu carro era um Porsche. Sua casa tinha dez andares e por aí vai. Ah, Rebecca não voltou, mais por falta de oportunidade, já que nem um mês depois do término ela estava noiva de um cara super rico. A sorte de Clay foi ele ter amigos de verdade.

Fiquei muito irritada com a mudança de personalidade do Clay, gostava tanto dele e não é que depois eu deixei de gostar, até torci para que as coisas dessem certo para ele, mas sua cabeça ficou fechada no mundinho do dinheiro. Nenhum conselho era válido para ele e ele era o senhor de tudo, ele sabia das coisas. Eu não acredito que tanto dinheiro fosse capaz de mudar minha personalidade, mas só o tendo em mãos para saber. Clay também não tinha ninguém próximo e com quem ele realmente se importasse ali para opinar e o direcionar, então, o cara que não se deixou manipular no início foi completamente manipulado. Não pode!! Falei tanto para ele, mas ele também não podia me ouvir.

E no fim, o que vem fácil, vai fácil. Ele ganhou fama, saiu em todos os jornais, foi chamado de O Rei das Fraudes, mas depois era motivo de chacota. Qual a graça disso? Por que não fazer tudo bem pensado? É a afobação por mais e mais dinheiro. A leitura demorou mais do que o previsto, mas foi muito boa. Gostei de conhecer mais sobre esse mundo das fraudes e ações coletivas – que são bem constantes lá nos Estados Unidos – e também da escrita do autor.

Pretendo ler mais livros dele, a lista para escolher é grande. E a parte boa é que eles geralmente entram em promoção por R$ 9,90. Ah, uma última curiosidade sobre o autor, após se envolver durante anos com o gênero de ficção, Grisham lançou em 2006 seu primeiro livro baseado em fatos reais, The Innocent Man, que ganhou o título de O Inocente por aqui. Segundo o autor, o título traz uma crítica às falhas do sistema e da pena de morte. Fiquei curiosa. Dei quatro estrelinhas para o livro e o recomendo para quem se interessar por leituras diferentes, que retratam a vida e o trabalho de outros profissionais.

Livros de ficção do autor
  • Tempo de matar (A Time to Kill, 1989)
  • A Firma (The Firm, 1991)
  • O Dossiê Pelicano (The Pelican Brief, 1992)
  • O Cliente (The Client, 1993)
  • A Camâra de Gás (The Chamber, 1994)
  • O Homem que Fazia Chover (The Rainmaker, 1995)
  • O Júri (The Runaway Jury, 1996)
  • O Sócio (The Partner, 1997)
  • O Advogado (The Street Lawyer, 1998)
  • O Testamento (The Testament, 1999)
  • A Confraria (The Brethren, 2000)
  • A Casa Pintada (A Painted House, 2001)
  • Esquecer o Natal (Skipping Christmas, 2001)
  • A Intimação (The Summons, 2002)
  • O Rei das Fraudes (The King of Torts, 2003)
  • Nas Arquibancadas (The Bleachers, 2003)
  • O Último Jurado (The Last Juror, 2004)
  • O Corretor (The Broker, 2005)
  • Jogando por Pizza (Playing for Pizza, 2007)
  • O Recurso (The Appeal, 2008)
  • O Negociador (The Associate, 2009)
  • Caminhos da Lei (Ford County, 2009)
  • Theodore Boone: Aprendiz de Advogado (Theodore Boone Kid Lawyer, 2010)
  • A Confissão (The Confession, 2010)
  • Theodore Boone: o sequestro (Theodore Boone: The Abduction , 2011)
  • (The Litigators, 2011)
  • (Calico Joe, 2012)
  • (Theodore Boone 3, 2012)
Não ficção
  • O Inocente (The Innocent Man, 2006)

Produções baseadas nos livros de Grisham

Alguns de seus livros foram transformados em grandes produções televisivas e cinematográficas.

  • A Firma (1993)
  • O Dossiê Pelicano (1993)
  • O Cliente (1994)
  • Tempo de Matar (1996)
  • O Segredo (1996)
  • O Homem que Fazia Chover (1997)
  • Até que a morte nos separe (1998)
  • O Júri (2003) -
  • A Casa Pintada (2003) - TV - Grisham foi roteirista e narrador (inédito no Brasil)
  • The Street Lawyer (2003) - TV - Grisham foi produtor executivo (inédito no Brasil)
  • Mickey (2004) - Grisham foi roteirista, produtor e ator (inédito no Brasil)
  • O Testamento - direitos adquiridos pela 821 Entertainment. Previsão de lançamento em 2012
  • O Inocente - o ator George Clooney adquiriu os direitos do título através de sua produtora Smoke House. Sem previsão de lançamento
  • Jogando por Pizza - direitos adquiridos pela Phoenix Pictures, Adam Shankman foi indicado como diretor. Sem previsão de lançamento
  • O Sócio - direitos adquiridos pela Buttercookie Prods, Ann Peacock está trabalhando no roteiro. Sem previsão de lançamento
  • O Negociador - Ainda inédito, os direitos já foram adquiridos pela Paramount Pictures. Previsão de lançamento em 2012
  • A Firma - TV - Série televisiva exibida na AXN
  • O Último Jurado – Filme previsto para 2013, com direção de David Wain.

Fonte

Beijos e uma ótima terça-feira.