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Dos lançamentos de julho da Novo Conceito, este foi o que brilhou para mim instantaneamente. Ele me chamava, implorava para ser lido logo. Não sei se foi pelo título, pelo marcador fofo, ou pela história que eu esperava encontrar, mas creio que seja pelo conjunto. Enfim, eu comecei a lê-lo praticamente assim que chegou e fiquei meio decepcionada porque até a página 60 mais ou menos, a trama não tinha me fisgado, estava sem ritmo e sem perspectiva. Mas tenho a felicidade em dizer que tudo mudou.

Evie Dexter mora em Londres e é maluca, sua irmã – Lexie - e a família são malucos e a companheira de apartamento de Evie – Lulu - também é super maluca. Ou seja, a história é completamente doida, afinal, conta as aventuras destas pessoas e coisa normal é que não poderia sair. Evie, assim como na maioria dos chick-lits que encontramos por aí, perdeu o emprego e se vê com uma grande dívida, sem falar que sua profissão já não a agrada mais e ela quer novos ares. Algumas pessoas certas da cabeça fariam algum curso ou algo assim, mas Evie não. Ela simplesmente mente no currículo e se candidata a uma vaga de guia de turismo, algo que ela nem imagina como fazer. Mas não deve ser algo difícil, né? E o melhor, ela será paga para viajar para Paris. É o melhor emprego do mundo – isso tudo na cabeça de Evie.

Ela se sai bem na entrevista, consegue uma excursão e, obviamente, começa com o pé esquerdo. Se tranca fora do apartamento e fica sem sua bolsa com todos os documentos, a papelada da agência, dinheiro… Pessoas normais, volto a frisar, tentariam encontrar um jeito, telefonariam avisando um possível atraso sob uma desculpa convincente, mas Evie, rá, ela segue em frente assim mesmo. Faz uma cena para andar de graça no metrô e chega na hora até o ônibus dela. Apavorada, ela explica ao motorista sua situação. E ele só pode ser louco, porque meio que passa a mão na cabeça dela e diz que tudo ficará bem. Depois de um café ainda solta: “A última coisa que gostaria, agora que a conheci, é passar um fim de semana em Paris sem você”. Muitos pensaram que foi forçar a barra, que eles acabaram de se conhecer. Eu achei que ele não quis ser romântico, mas previa que seria um fim de semana bem engraçado, com a capacidade de Evie de se meter em encrenca.

O pessoal da excursão foi incrível e o comportamento de Evie com eles também, eles se sentiram queridos, ganharam atenção, só não sabiam que ela soltava mentira atrás de mentira. Ela não se controla. Para não me estender muito, posso comentar que apesar de um ou outro deslize, o fim de semana saiu melhor que o esperado. Evie lucrou com os jantares em que levou o pessoal, fez novos amigos – tanto que chorou horrores na hora da despedida – e foi para a cama com um cara gato, sensual, que dá muita conta do recado: seu motorista, Rob.

Ao início do livro pode se pensar que essa seria a história de Evie, sua primeira experiência na profissão que paga para ela viajar. Mas é muito mais que isso. Acompanhamos Evie crescendo como guia, aprendendo a fazer seu trabalho corretamente e gostando muito disso. Ela também começa um relacionamento com Rob, que é uma graça, um queridão – até pisar na bola. Se relaciona com a irmã, suas filhas gêmeas e o marido. E tem Lulu, que é uma figura única. Nesse meio tempo, ela também sofre um baque, passa por um período depressivo – mas daquele depressivo cômico, estilo chick-lit – e consegue se reerguer. Também dá bola dentro com um dos clientes mais temidos da agência e garante novas excursões para o ano seguinte, acompanhando esse executivo.

Demorei a me convencer de que Rob fosse uma pessoa completamente do bem, sei lá, ele faz tanta coisa legal por uma desconhecida que cheguei a pensar muita coisa sobre ele, inclusive, que ele fugiria com o dinheiro que o pessoal pagou para as duas noites de jantares em Paris na primeira viagem. Evie lembra as personagens maluquetes de Sophie Kinsella, que conseguem ser autoras das mais incríveis, impossíveis e inimagináveis - citando gibis da Turma da Mônica - artes. No entanto, Evie está um nível acima, ou abaixo, dependendo do ponto de vista. Ela é completamente sem noção, mentirosa ao extremo e nem fica com a consciência pesada. É uma trapaceira, bem como Rob disse. Que mulher doida.

Enfim, a trama criada por Molly Hopkins é bem maior que apenas o início de um novo emprego. Muita coisa acontece com Evie, tanto que o livro tem quase 500 páginas. E eu acabei me apegando demais a ela. Quando terminei o livro, passei uns bons dias sentindo falta das histórias da Evie, me pegava pensando: qual será a arte que Evie vai aprontar, o que ela terá que passar? E só então lembrava que já tinha acabado a leitura. Confesso que ainda sinto falta dela. Acho que sou maluca.

Foram inúmeras as situações hilárias pelas quais Evie passou, Evie e todo mundo que a cerca. Não posso citar para o texto não ficar mais enorme ainda e para não revelar certas coisas da trama. Gostei muito do pessoal todo criado pela autora, cada um com seu jeito de ver o mundo, com seus problemas e soluções doidas. Foi realmente muito divertida a leitura. Comecei esperando uma coisa, ganhei outra e saí contente com o resultado.

E eu até posso ficar feliz, porque as aventuras de Evie têm continuação. Só fico com o pé atrás, porque o livro terminou bem redondinho e pode ser que o próximo estrague o que o primeiro foi. Porém, só lendo para saber. O nome é It Happened in Venice e, de acordo com o blog da autora, foi publicado em fevereiro do ano passado. Espero que seja lançado logo por aqui.

Ah, e devo acrescentar que gostei muito mais da capa original do que a publicada por aqui.

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O blog da Novo Conceito tem um post bem legal envolvendo a protagonista, Paris sob o olhar de Evie Dexter. Achei genial e de um cuidado incrível da editora. Quem quiser dar uma olhada em todo o conteúdo, basta clicar aqui.

É claro que subir a torre Eiffel e visitar o Louvre são passeios inevitáveis, mesmo para um parisiense, mas um verdadeiro morador de Paris vai muito além desses clichês. Ele vai conferir com frequência o que há de novo nas prateleiras da La Hune, uma das mais agradáveis e completas livrarias de Paris, aberta até a meia-noite. Como é localizada ao lado do Café de Flore, depois de escolher o seu livro, é para lá que você deve ir. Se quiser, peça apenas um café e fique lá o dia todo, ninguém vai te perturbar. Mas, se bater uma pequena fome, os sanduíches são ótimos e você pode saboreá-los com uma taça de vinho ou champanhe. Se preferir algo mais completo, basta atravessar a rua e entrar noChez Lipp, a brasserie mais tradicional da cidade, que existe desde 1880.

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Sobre a autora

Molly Hopkins cresceu em East Kilbride, perto de Glasgow, e teria ficado por lá se não fosse tão frio. Agora mora em Middlesex, onde, segundo ela, “é muito, muito mais quente”. Vive tentando perder peso, mas não aguentou mais de duas semanas junto aos Vigilantes do Peso. Tem mania de pesquisar coisas que sabe que não vai usar nunca. E adora escrever na cama. Aconteceu em Paris é seu primeiro romance (via Blog Novo Conceito).

Blog/site: http://www.mollyhopkins.co.uk/

Cliques de Aconteceu em Paris

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Desculpem pelo post imenso. Beijos e uma ótima quinta-feira.