Salve Galera!

Outra semana se inicia e mais uma vez falaremos sobre as preciosidades, ou não rsrs, do mundo do entretenimento oriental.

Creio que boa parte dos leitores dessa coluna não terão grandes lembranças da série de hoje, pois ela foi transmitida há muito tempo, na extinta TV Manchete. Contudo era uma das mais queridas na minha longínqua infância rsrs.

Espero que estejam preparados e que gostem da coluna de hoje do melhor blog da internet. Vamos nos lembrar de um tempo onde poderíamos dormir tranquilos, pois tínhamos quem nos defendesse do mal, afinal:

Jiban, Jiban! Vai te defender do mal (...)”.

Policial de Aço Jiban

jiban 1

Chegando ao Brasil no final da década de 80, o Policial de Aço Jiban virou uma febre entre as crianças em pouquíssimo tempo. Também pudera, os fãs brasileiros acabaram se habituando e se acostumando mais aos Metal Heroes e simpatizando mais com a franquia. Tanto é que a maioria dos Tokusatsus que aportaram por aqui, fazem parte dessa franquia.

A série conta a história de um jovem policial, Naoto Tamura, que perdeu a vida ao tentar salvar o Dr. Igarashi e sua neta Ayumi de um dos monstros da organização criminosa Biolon.

Reconhecendo o ato de bravura e desprendimento do jovem, o Dr. Igarashi resolve reconstruí-lo como sendo um Robô que luta pelo bem e pela justiça. Nascia assim o Policial de Aço Jiban!

jiban 2

A exemplo de Clark Kent em Superman, Naoto Tamura também assume uma faceta meio abobalhada e atrapalhada para tentar disfarçar sua identidade secreta. Apesar de não ser mais um “ser humano”, Naoto conserva todos os seus sentimentos e humanidade, o que deixa a série bem interessante, pois sua humanidade acaba falando mais alto em certos momentos.

Jiban tem como principal objetivo, além de manter a lei e a ordem, combater a organização Biolon que é comandada pelo DR. Jean-Marie, um cientista malévolo que se utiliza de recursos terrestres para criar seus monstros bionóides com o objetivo de exterminar com a raça humana e dominar a Terra. Normalmente estes monstros tem a capacidade de assumir forma humana.

Porém, como costuma acontecer em todas as séries, Jiban não é derrotado pelos “monstros da semana” criados pelo Dr. Jean-Marie, que mediante os sucessivos fracassos, lança mão de um plano mais ousado.

Usando células extraídas do próprio herói de aço, o cientista cria sua arma de destruição máxima: Cyborg Jiban Killer Madogarbo. Um ser que é composto por 80% de metal e 20% de material orgânico que tem por único objetivo acabar com a vida do policial.

Jiban e Madogarbo 1

De cara, no primeiro encontro entre os dois, Jiban é pego de surpresa e se vê em perigo nas mãos do novo soldado de Biolon. Entretanto, mesmo se mostrando tão forte quanto Jiban, ou até mais poderosa naquele momento, ela decide por recuar, estrategicamente.

Isso tudo passou a deixar os espectadores meio cabreiros em relação à Madogarbo, porém ela não se mostra com maior destaque nos episódios seguintes.

Nesse meio tempo, surge a Rainha Cosmos, uma poderosa inimiga que é fruto de todo o lixo espacial descartado pelos humanos na época da corrida espacial. Vem para a Terra para destruir Jiban. No início, acaba se aliando a Jean-Marie, mas logo em seguida entra em rota de colisão também com Biolon, uma vez que planeja dominar o mundo. Sua real intenção é transformar a o planeta em um império constituído apenas por mulheres onde ela seria a rainha.

É através da chegada Rainha Cosmos que a vida de Naoto começa a se tornar infernal. Isso porque ela arquiteta o cruel plano que previa que Ayumi, ao abraçar Jiban, explodisse e assim destruísse a pedra no sapato de todos os que queriam ver o fim da paz na Terra.

Ao tomar conhecimento do plano da maléfica rainha, Ayumi se recusa a abraçar Jiban deixando-o confuso, inclusive foge do herói e acaba caindo em uma cachoeira e, por conta disso, perde a memória.

jiban 3

Para piorar a situação do herói ele é enganado por Madogarbo, que ao voltar a sua forma humana por conta de uma cirurgia que teve de fazer, promete deixar de ser má.

 

O que se vê em seguida, no episódio seguinte, é uma das cenas mais violentas e cruéis da história do tokusatsu pós anos 80!

Ainda sofrendo com o fato de não ter mais Ayumi ao seu lado e vendo Biolon se fortalecer cada vez mais, Jiban é pego em uma emboscada digna de filmes da máfia.

Jean-Marie cria um monstro que consegue lutar em parceria com Madogarbo onde ambos conseguem “trocar” suas energias de modo que essa atinja diretamente a Jiban.

Com isso o herói tem seus poderes e suas armas praticamente neutralizados, e como resultado, os fãs brasileiros da época viram algo impensado até então, o primeiro herói a morrer. E o pior de tudo, de forma cruel, covarde e sádica:

 

Até hoje essa cena me deixa um pouco incomodado, tamanha a crueldade. Obviamente vilão não é feito para ser afável, porém, isso foi além do que os fãs estavam acostumados. Entretanto, como era de se supor, o herói volta a vida graças a ajuda instintiva de uma desmemoriada Ayumi que, mais uma vez, mostra-se como o ponto chave na história de Jiban.

A partir disso Jiban ganha novas armas, novos poderes e passa a ser mais incisivo no combate a Biolon, culminando na derradeira batalha contra o Dr. Jean-Marie que revela sua verdadeira identidade e que deixará um paradoxo bem interessante na mente de quem assiste.

Considerações

Para quem não sabe Jiban sequer seria feito. O Policial de Aço só ganhou vida graças ao sucesso alcançado pelo fime americano Robocop!

A ideia original da Toei era fazer uma série que desse continuidade a linhagem de Jiraiya, porém dessa vez com policiais ninjas. Contudo, com o sucesso do filme do policial Alex Murphy, a Toei mudou os planos de última hora e criou Jiban. A prova de que a pressa foi grande é que não temos cena de transformação, e creio que Jiban é a única série a não tê-la e muitas BGMs (backgroud music) utilizadas na série, são reaproveitamento de trilhas sonoras de seriados anteriores. A série tem sua trilha própria, porém, para dar uma “encorpada” a produtora se utilizou desse recurso.

Tanto no Brasil como no Japão, Jiban obteve sucesso.

Por aqui a série foi vista pela primeira vez no programa Cometa Alegria e, curiosamente, seu lançamento se deu, aqui, quase que simultaneamente ao lançamento no Japão, algo inédito para esse tipo de seriado.

Infelizmente para os fãs brasileiros, algo inédito que também “estreou” com Jiban, foi a mania que alguns licenciadores desenvolveram de não exibir os últimos episódios. Por sorte isso aconteceu apenas com algumas séries, mas Jiban foi a primeira delas.

Segundo lendas da internet, diziam que essas fitas vinham em navios e como o frete era caro, algumas vezes deixava-se de trazer os últimos episódios.

Nada foi comprovado, mas partindo do princípio de Cybercops que só teve o final liberado para os fãs depois de deixar de ser exibida na TV, acredita-se que as séries vieram sim completas para cá, agora se foram ou não dubladas por completo, é um mistério. Mas a verdade é que as empresas, juntamente com a TV Manchete, tentavam tirar o máximo de cada série, reexibindo várias e várias vezes os mesmos episódios, antes de liberarem episódios inéditos.

Infelizmente tal tática, ao logo dos anos também contribuiu para a saturação do gênero, mas isso é assunto para outra coluna.

No quesito brinquedos, o Brasil nunca foi agraciado com itens originais, produzidos pela Bandai. Apenas itens genéricos produzidos por aqui mesmo, com qualidade visivelmente inferior. Todavia a linha de brinquedos de Jiban foi uma das melhores trabalhadas no país, com destaque para a Espada Maximilian que era a única peça que se assemelhava as originais, de resto eram aproveitamentos da linha da Glasslite, mas que até ficaram bonitinhas rsrs.

Ficha Técnica

  • Título Original: Kidou Keiji Jiban
  • Criação: Keita Amemiya e Toei Company
  • Produção: Saburo Yatsude
  • Exibição no Japão: 29/01/89 a 28/01/90
  • Estreia no Brasil: 28/06/89
  • Nº de episódios: 52

É isso aí pessoal, espero que tenham gostado e que continuem nos acompanhando e apoiando, e se tiverem alguma dúvida, crítica ou alguma sugestão para a coluna, até mesmo de temas para futuras colunas, é só escrever.

Um forte abraço a todos!

GREGok